INTELIGÊNCIA (ARTIFICIAL) DO MPLA AO SERVIÇO DOS DIAMANTES

Angola, um país que ao fim de 49 de independência sempre com o MPLA no Poder, ultrapassou a fasquia dos 20 milhões de pobres, estima em 732 milhões de quilates a sua reserva de diamantes, podendo render ao Estado 140 mil milhões de dólares (125,7 mil milhões de euros), ao preço médio de 200 dólares (179,5 euros), avançou hoje a Endiama.

O director de Operações Mineiras e Gestão de Participações da Empresa Nacional de Diamantes de Angola (Endiama), Miguel Vemba, destacou o potencial do país, frisando que actualmente as reservas são mais de 90% em depósitos primários.

O mesmo responsável, que falava à imprensa à margem da 10ª Semana Africana de Engenharia da UNESCO & Conferência Africana de Engenharia, em Luanda, considerou necessário encontrar mecanismos eficientes para recuperar o valor dessas reservas, citando o recurso à inteligência artificial que, acredita-se, seja ela qual for será sempre superior à dos governantes do MPLA.

“Só por esta nova tecnologia nós vamos conseguir aumentar consideravelmente as nossas reservas, diminuindo o tempo que se leva para fazer os estudos”, disse, destacando que também as novas tecnologias, com equipamentos de maior capacidade, podem facilitar as operações.

Miguel Vemba anunciou ainda que a Endiama poderá avançar no próximo ano para produção própria, deixando de depender simplesmente das suas participações, com dois projectos em fase de prospecção.

Trata-se de dois projectos, o de Luachimba, em fase bastante avançada, que deverá em 2025 entrar em produção piloto, e o Xamacanda, também “com bastante potencial”, ainda na fase de estudo e recolha de informação, referiu.

“O Luachimba já está de facto avançado e, em 2025, nós vamos ver o regresso à produção própria, um projecto Endiama de facto, isto é apenas o primeiro sinal que estamos a dar. Começou com o Luachimba, o Xamacanda é o segundo projecto, a pretensão é de continuar a desenvolver esses projectos e não depender simplesmente das nossas participações”, realçou.

Angola é o quarto maior produtor mundial de diamantes brutos, com uma produção industrial de 9,8 milhões de quilates de diamantes em 2023, proveniente das províncias da Lunda Norte, Lunda Sul, Bié, Cuanza Sul e Malanje.

No primeiro semestre deste ano, o país produziu 5,6 milhões de quilates, um aumento de 36% comparativamente ao período homólogo de 2023, ano em que registou uma produção total de 4,1 milhões de quilates.

No dia 30 de Agosto, Governo disse que estava a comercializar os diamantes produzidos no país a metade do preço praticado há dois anos, devido ao contexto internacional, com impacto negativo nas empresas, economia e projectos sociais. Nem os diamantes parecem querer ajudar o Presidente João Lourenço a provar que o MPLA fez mais em 50 anos do que Portugal em 500!

Falando a alguns jornalistas, o secretário de Estado dos Recursos Minerais, Jânio Correia Vítor, disse que “a nossa arrecadação de receitas está hoje pela metade e isso tem muito a ver com a situação internacional. Estamos a vender hoje (os diamantes) pela metade de preço do que vendíamos há dois anos”.

De acordo com governante, os preços praticados actualmente têm impacto negativo nas empresas produtoras do mineral, e também na economia do país e nos projectos sociais de desenvolvimento local, no âmbito da responsabilidade social.

Jânio Correia Vítor deu conta, por outro lado, que pelo menos nove milhões de quilates de diamantes foram já produzidos este ano e, sem avançar o volume de receitas, salientou que até Dezembro as autoridades esperam ultrapassar a barreira dos 10 milhões, sobretudo com a entrada em produção da mina do Luele.

O responsável falava em conferência de imprensa de apresentação da II Conferência Internacional de Diamantes de Angola (AIDC, na sigla inglesa 2024) agendada para os dias 23 e 24 de Outubro em Saurimo, província da Lunda Sul.

“Angola: Investir juntos para fazer a diferença na comunidade” é o lema da conferência, iniciativa do Ministério dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás de Angola que deve juntar perto de 250 participantes de países de África, Ásia, América e Europa.

Investigação geológica mineira, exploração de diamantes em Angola, lapidação, inovação tecnológica e a logística na indústria e no sector semi-industrial são alguns dos temas agendados para esta edição do AIDC 2024.

Já no dia 7 de Agosto, a administração da Endiama revelou que os preços dos diamantes angolanos ficaram 30% a 55% abaixo do planificado no primeiro semestre de 2024.

O administrador executivo da Endiama, Laureano Receado Paulo, disse que, “de facto, a situação do mercado dos diamantes não está muito satisfatória. Hoje temos, praticamente, vendas abaixo de 30% a 55% do preço planificado. Se se mantiverem os níveis actuais dos preços provavelmente vamos experimentar algumas dificuldades até o final do ano”.

O responsável, que falava na abertura do workshop de balanço semestral de produção de diamantes neste ano e perspectivas para o futuro, sinalizou também um conjunto de desafios que actualmente o subsector dos diamantes enfrenta.

De acordo com o gestor, o segmento da produção dos diamantes em Angola só poderá melhorar com o conhecimento geológico para a descoberta de novas minas, realçando que já decorrem trabalhos para a melhoria do sistema de desmonte, carregamento, transporte e tratamento de diamantes.

“Continuamos também a dar ênfase à questão relacionada com questões económicas, teremos de trabalhar sempre no sentido de reduzir os custos ambientais e também constitui para nós uma grande missão a questão da responsabilidade social”, frisou.

Laureano Receado Paulo apontou ainda a necessidade de aumentar a capacidade produtiva e investigativa a nível da mina de Catoca, uma das maiores minas do país, para a manutenção da sua produção até os próximos 20 anos, referindo que a mina do Luele está em fase de consolidação.

“Neste momento temos em fase muito avançada dois projectos da Endiama que é o Xambacanda e o Luaximba, que poderão, num futuro breve, aumentar o ciclo produtivo a nível do subsector dos diamantes”, concluiu.

Segundo o portal Minas de Angola, pelo menos 4,2 milhões de quilates de diamantes foram produzidos nos primeiros cinco meses de 2024 em Angola, período em que o país arrecadou 288 milhões de dólares.

As minas de Catoca e Luele produziram a maior parte dos diamantes neste período, nomeadamente 88% da produção retirados de depósitos primários e 12% dos depósitos secundários.

O ano passado, Angola apresentou as suas potencialidades mineiras na Conferência Mining INDABA 2023, na África do Sul, promovendo também os minerais necessários para a transição energética.

Segundo o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Pedro Azevedo, que chefiou a delegação angolana ao evento, a divulgação do potencial mineiro do país visava atrair investidores para a prospecção e pesquisa desses minerais em solo angolano.

“Para esta conferência nós trazemos especificamente a promoção dos minerais que são necessários para a transição energética, não queremos com isso dizer que estamos apenas a preocuparmo-nos com os minerais importantes para a transição energética, mas divulgar o potencial que o país tem”, disse o ministro.

Em declarações à margem da conferência, que congregou vários operadores do sector mineiro do continente africano e não só, Diamantino Pedro Azevedo também destacou a presença de empresas angolanas no evento.

“Trazemos a parte institucional, onde damos a conhecer como as empresas podem obter os direitos mineiros para que possam desenvolver a sua actividade no nosso país, bem como as infra-estruturas que já possuímos de apoio à indústria mineira”, referiu.

As acções e potencialidades de Angola a nível da indústria mineira foram abordadas num painel específico, tendo o ministro mantido contactos com dirigentes de várias empresas mundiais do sector e com instituições financeiras interessadas em financiar o sector mineiro angolano.

Folha 8 com Lusa

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